sexta-feira, 16 de novembro de 2007

AMBIENTE E DINHEIRO

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Segurança
Luís Fernando Veríssimo

O ponto de venda mais forte do condomínio era a sua segurança.

Havia as belas casas, os jardins, os playgrounds, as piscinas, mas havia, acima de tudo, segurança.

Toda a área era cercada por um muro alto. Havia um portão principal com muitos guardas que controlavam tudo por um circuito fechado de TV Só entravam no condomínio os proprietários e visitantes devidamente identificados e crachados.

Mas os assaltos começaram assim mesmo. Ladrões pulavam os muros e assaltavam as casas.

Os condôminos decidiram colocar torres com guardas ao longo do muro alto.
Nos quatro lados. As inspeções tornaram-se mais rigorosas no portão de entrada. Agora não só os visitantes eram obrigados a usar crachá.

Os proprietários e seus familiares também. Não passava ninguém pelo portão sem se identificar para a guarda. Nem as babás. Nem os bebês.

Mas os assaltos continuaram.

Decidiram eletrificar os muros.

Houve protestos, mas no fim todos concordaram. O mais importante era a segurança. Quem tocasse no fio de alta tensão em cima do muro morreria eletrocutado. Se não morresse, atrairia para o local um batalhão de guardas com ordens de atirar para matar.

Mas os assaltos continuaram.

Grades nas janelas de todas as casas. Era o jeito. Mesmo se os ladrões ultrapassassem os altos muros, e o fio de alta tensão, e as patrulhas, e os cachorros, e a segunda cerca, de arame farpado, erguida dentro do perímetro, não conseguiriam entrar nas casas.

Todas as janelas foram engradadas.

Mas os assaltos continuaram.

Foi feito um apelo para que as pessoas saíssem de casa o mínimo possível.

Dois assaltantes tinham entrado no condomínio no banco de trás do carro de um proprietário, com um revólver apontado para a sua nuca. Assaltaram a casa, depois saíram no carro roubado, com crachás roubados.

Além do controle das entradas, passou a ser feito um rigoroso controle das saídas.
Para sair, só com um exame demorado do crachá e com autorização expressa da guarda, que não queria conversa nem aceitava suborno.

Mas os assaltos continuaram.

Foi reforçada a guarda. Construíram uma terceira cerca. As famílias de mais posses, com mais coisas para serem roubadas, mudaram-se para uma chamada área de segurança máxima. E foi tomada uma medida extrema. Ninguém pode entrar no condomínio. Ninguém. Visitas, só num local predeterminado pela guarda, sob sua severa vigilância e por curtos períodos.
E ninguém pode sair.
Agora, a segurança é completa.
Não tem havido mais assaltos.
Ninguém precisa temer pelo seu patrimônio. Os ladrões que passam pela calçada só conseguem espiar através do grande portão de ferro e talvez avistar um ou outro condômino agarrado às grades da sua casa, olhando melancolicamente para a rua.
Mas surgiu outro problema.

As tentativas de fuga. E há motins constantes de condôminos que tentam de qualquer maneira atingir a liberdade.

A guarda tem sido obrigada a agir com energia.


















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Em nosso Simpósio de Psicologia Ambiental, na mesa redonda de Urbanismo e Psicologia Ambiental, a palestrante Rosângela Fernandes, Dra. em Sociologia e Profa. da Unifor e Uece, trouxe um texto do colunista Nazareno Albuquerque, em que ele, ironicamente, discute a temática Dinheiro X Ambiente.

Segue, abaixo, a reprodução desse texto.

E logo em seguida, um vídeo da organização WWF [World Wild Fund] sobre essa mesma relação Dinheiro X Ambiente.

TEXTO:

JORNAL O POVO - COLUNA DE OLHO NO DINHEIRO

Cidade dos sonhos

Nazareno Albuquerque


O empresário Ivens Dias Branco vai construir uma cidade. É, uma grande cidade do futuro. Na última sexta-feira, o Conselho Estadual do Meio Ambiente (Coema), aprovou por unanimidade o projeto da Cidade M. Dias Branco, um complexo de 1.924 hectares que vai muito além da imaginação mais ousada. O imóvel do empreendimento, cujos estudos urbanísticos foram coordenados pelo competente arquiteto Luiz Deusdará, do escritório Muniz Deusdará e que envolveu inclusive escritórios europeus, fica localizado no Eusébio, por trás da Fábrica Fortaleza, e, quando mostrado por Deusdará ao repórter, deu a sensação de contemplar a maquete de uma cidade de brinquedo, como os sonhos dos personagens Jetsons. Mas vai ser uma cidade de verdade. Tem aeroporto de passageiros e cargas ? Tem; Tem escolas e universidade ? Tem; Tem área de produção tecnológica ? Tem; com Centro de Convenções e Feiras ? Sim; Tem usina de lixo ? Tem, com biodigestor; Tem energia limpa para alimentar a cidade ? Tem; lojas, escritórios, bancos, serviços profissionais e central atacadista ? Tem; O abastecimento d'água ? É próprio e de água mineral; Saneamento ? Tem, claro; Para importar e exportar tem central aduaneira ? Moderníssima; Comunicação por satélite? Exclusiva; Vias largas e calçadões ? Óbvio. O valor do investimento ? A estimar, pois não é um prédio. É uma cidade. Negócio de bilhões.

Pense num bairro onde você gostaria de viver na era tecnológica. Vai ser lá. Do total de quase 2.000 hectares, 72% se destinam a habitações distribuídas em padrões que vão de classe média ( 8 salários mínimos)a aero-condomínios, moradias de altos empresários e executivos que desejem desembarcar dos seus aviões executivos à porta de casa, como existe atualmente nos Estados Unidos.

O mais fantástico é imaginar viver em uma cidade auto-sustentável onde os serviços de gestão urbana funcionam, não há lixo na rua, não há poluição sonora nem visual, a segurança é eletrônica metro a metro e onde a tecnologia responde a todas as funções, inclusive com acesso a Internet em todos os espaços, em casa ou no trabalho, via satélite. Tudo operando como um equipamento de alta precisão. Este é o novo sonho de Ivens Dias Branco, com parcerias nacionais e internacionais de envergadura. E se o sonho é de Ivens, que em dois anos construiu um porto marítimo completo na Bahia com um parque industrial, é porque não é mais sonho. A terraplenagem vai começar já em 2007. O anúncio de Ano Novo deste admirável cearense, através da coluna, não poderia ser mais esplêndido.

link: http://www.opovo.com.br/opovo/colunas/deolhonodinheiro/657838.html


VÍDEO:





(não deixem de notar a irônica música do vídeo)


> EM BREVE: FOTOS DO NOSSO SIMPÓSIO!!!


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