quinta-feira, 5 de novembro de 2009

III Simpósio de Psicologia Ambiental

O LERHA anuncia que está acontecendo esta semana o seu III Simpósio de Psicologia Ambiental.


























Este ano, o nosso Simpósio acontece no Encontro de Gestão Empresarial e Meio Ambiente - ENGEMA.

Assim, cultivamos novas parcerias e alcançamos um público de várias áreas.

Para conferir nossa programação deste ano, é só clicar nas imagens abaixo:







































terça-feira, 3 de novembro de 2009

Artigo OPOVO

Dia Mundial sem carro

Terezinha Elias
22 Set 2009 - 02h25min

O Dia Mundial sem carro, 22 de setembro, surgiu na França em 1997. Dez anos depois, envolveram-se neste movimento 1.321 cidades em 38 países. No Brasil, as iniciativas neste sentido surgiram em 2001, através de Ongs e prefeituras, especialmente no Sudeste do país. A Secretaria Nacional de Transporte e Mobilidade Urbana & Semob, vinculada ao Ministério das Cidades do Governo Federal, começou a participar em 2004. Na Unifor, o Laboratório de Estudos das Relações Humano-Ambientais & Lerha vem se engajando nesta luta desde 2008, com estudos, pesquisas e intervenções em torno do tema.
O objetivo desta campanha é chamar a atenção para a necessidade de se repensar o modelo de mobilidade das cidades que hoje se mostra insustentável. O uso abusivo do carro particular tem provocado a ocupação desordenada dos espaços urbanos, onde pedestres e ciclistas disputam, de forma desigual, o direito de circulação. Os espaços de lazer e até mesmo ruas têm sido cada vez mais ocupados com estacionamentos. O tempo gasto nos congestionamentos e o estresse gerado, a poluição sonora e do ar são outras consequências graves, que impactam diretamente a saúde e o bem-estar dos que vivem nos grandes centros.
Todos podemos fazer alguma coisa para amenizar a escalada ascendente do impacto ambiental provocado pelo uso excessivo do automóvel particular. Medidas individuais e coletivas a partir da nossa realidade e das condições de cada pessoa podem ser tomadas: debater o assunto, diminuir os deslocamentos, mesclar as formas de mobilidade (andando também a pé, de bicicleta, de transporte coletivo, de trem...), mobilizar-se em torno da carona, organizar passeios ciclísticos, utilizar carros menores e menos poluentes...enfim, tentar mudar um pouco a nossa vida. Para melhor. Para muito melhor.

Terezinha Elias - Mestre em Educação e Membro do Laboratório de Estudos das Relações Humano-Ambientais-Lerha /Unifor
Alerta mundial

Um dia sem carro em Fortaleza

A ideia, além de alertar a população sobre os efeitos causados pela quantidade excessiva de automóveis em circulação, pretende estimular o uso de meios de transporte menos poluentes.

Gabriela Meneses
Especial para O POVO
gabrielasilva@opovo.com.br
22 Set 2009 - 00h51min

Experimente sair de casa de ônibus, de carona, de bicicleta ou a pé. Deixe o carro na garagem e tente novas opções de deslocamento para o trabalho ou para a escola. Aproveite para observar as pessoas, os trajetos e a cidade. Hoje, no Dia Mundial sem Carro, a população da Capital terá a oportunidade de repensar o modelo de mobilidade da cidade, que se tornou caótico, por conta do grande número de automóveis em circulação - mais de 600 mil veículos, segundo o Departamento de Trânsito do Ceará (Detran).
De acordo com a professora de Psicologia Ambiental e coordenadora do Laboratório de Estudos das Relações Humano Ambientais (Lerha) da Universidade de Fortaleza (Unifor), Sylvia Cavalcante, na Capital, o atual modelo de mobilidade é centrado no carro individual. Conforme a professora, esse modelo incentiva o aumento no número de veículos em circulação, causando a poluição sonora, a poluição do ar, e, consequentemente, os problemas respiratórios.
Modelo
Para ela, o modelo do carro individual prejudica ainda a relação entre as pessoas. ``É estressante. As pessoas não desfrutam mais dos espaços de encontro da cidade. Elas se restringem ao carro e à casa``, comenta. No entanto, Sylvia Cavalcante reconhece a dificuldade de deixar o carro na garagem, principalmente em uma cidade cujo transporte coletivo não funciona de forma eficaz. Ela sugere, então, o uso da carona como uma alternativa.
Já o economista e ambientalista Josael Jario Santos Lima, aposta na bicicleta como uma boa opção para diminuir os problemas causados pelo tráfego. Ela é ecologicamente correta, pois não emite gases poluentes``, ressalta. Além disso, ele que pedala diariamente garante que a bicicleta se tornou um meio de transporte rápido. ``Gasto 30 minutos pedalando de casa para o trabalho. Já peguei ônibus para ir ao trabalho e cheguei a gastar cerca de uma hora``, conta.
Para tirar a dúvida e identificar qual o melhor transporte para se deslocar em Fortaleza, hoje, às 18 horas, quando o tráfego é intenso na Capital, um grupo de ambientalistas voluntários participará do I Desafio Intermodal de Fortaleza. Utilizando ônibus, bicicletas, carros e motos, eles vão sair em dois grupos da Praça da Estação, no Centro, em direção aos terminais do Papicu e do Antônio Bezerra.
Para verificar exatamente qual o tempo gasto para cumprir o percurso combinado, uma equipe estará dividida entre os três pontos, garantindo o horário de saída e marcando o momento da chegada de cada participante. Nos terminais, os voluntários vão responder a um questionário de avaliação do transporte utilizado, que levará em conta a eficiência em relação ao custo, velocidade média, conforto, segurança, interação com a cidade e emissão de gases poluentes.
E-Mais
Em adesão ao Dia Mundial Sem Carro, os vereadores Salmito Filho (PT), Guilherme Sampaio (PT), Joaquim Rocha (PV), Marcelo Mendes (PTC), Leonelzinho Alencar (PTdoB) e João Alfredo (Psol) se comprometeram a ir à Câmara Municipal, utilizando bicicletas. O grupo se encontrará às 8h30min, no cruzamento entre as avenidas Virgílio Távora e Antônio Sales.
O Dia Mundial Sem Carro, 22 de setembro, surgiu na França em 1997. Dez anos depois, envolveram-se neste movimento 1.321 cidades em 38 países. No Brasil, as iniciativas surgiram em 2001, através de algumas ONGs e prefeituras municipais, especialmente no Sudeste.

COMO AJUDAR A MELHORAR O TRÂNSITO

EXERCITE A CARONA SOLIDÁRIA
Dê carona. Se os vizinhos
vão se deslocar no mesmo sentido que você, combine esquemas com eles.
INCENTIVE SUA EMPRESA A ADOTAR A CARONA EMPRESARIAL
A empresa pode criar um sistema de transporte coletivo que ligue pontos de ônibus à sede, transportando seus funcionários com segurança e tirando alguns carros das ruas.
EVITE TRÂNSITO
Se você trabalha perto de casa, vá a pé ou de bicicleta. Procure rotas alternativas, evitando as vias mais congestionadas e com maior concentração de poluentes emitidos pelos veículos.
Se você tem uma bicicleta, use-a em pequenos deslocamentos
DESCUBRA SUA CIDADE A PÉ
Incluir trajetos a pé no seu dia-a-dia faz você mais saudável e diminui o estresse provocado pelo corre-corre.
USE TRANSPORTE COLETIVO
Procure usar ônibus e trens para fazer seus deslocamentos ou parte deles.
CENTROS COMERCIAIS TAMBÉM PODEM AJUDAR
Se você trabalha em um centro comercial, fale para implantar um bicicletário no estacionamento.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Dia Mundial Sem Carro

O Dia Mundial Sem Carro, 22 de setembro, surgiu na França em 1997. Dez anos depois, envolveram-se neste movimento 1.321 cidades em 38 países. No Brasil, as iniciativas neste sentido surgiram em 2001, através da iniciativa de algumas ONGs e prefeituras municipais, especialmente no sudeste do país. A Secretaria Nacional de Transporte e Mobilidade Urbana - SEMOB, vinculada ao Ministério das Cidades do Governo Federal, começou a participar em 2004. Na UNIFOR, o Laboratório de Estudos e Pesquisas das Relações Humano-Ambientais – LERHA – vem se engajando nesta luta desde 2008, com estudos, pesquisas e intervenções em torno do tema.

O objetivo deste dia é chamar atenção para a necessidade de repensar o modelo de mobilidade das cidades, que se mostra insustentável. O uso abusivo do carro particular tem provocado a ocupação desordenada dos espaços urbanos, onde pedestres e ciclistas disputam, de forma desigual, o direito de circulação. Os espaços de lazer e até mesmo ruas e avenidas têm sido cada vez mais usados como estacionamentos. A poluição sonora e do ar é outra conseqüência grave, que impacta diretamente a saúde e o bem-estar dos que vivem nos grandes centros. O uso de energia não renovável, o grande descarte de sucatas, entre outras ações humanas, acabam por contribuir para o esgotamento dos recursos naturais do planeta.

Todos nós podemos fazer alguma coisa para amenizar esta escalada ascendente o impacto ambiental provocado pelo uso excessivo do automóvel particular. Medidas individuais e coletivas podem ser tomadas a partir da nossa realidade e das condições de cada pessoa, como, por exemplo:

Diminuir os deslocamentos.
Buscar mesclar as formas de mobilidade, andando também a pé, de bicicleta, de transporte coletivo, de trem.
Mobilizar-se em torno da carona.
Utilizar carros menores e menos poluentes.
Evitar, quando possível, os horários de pico (rush).
Fazer a manutenção periódica do carro para minimizar desperdícios.
Organizar passeios ciclísticos.
Conversar com familiares, colegas e amigos sobre o assunto.
Enviar mensagens eletrônicas sobre o tema.
Organizar debates sobre esta questão.

Para este momento o LERHA estimula a CARONA entre conhecidos.

Sites que discutem este assunto:
- www.envolverde.ig.com.br
- www.silcon.com.br
- www.cidades.gov.br
- www.ruaviva.org.br
- www.nossasaopaulo.org.br

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

CFP realiza debate on line Desafios da Psicologia na Interface do Trânsito com a Mobilidade.

Com o objetivo de iniciar as discussões e preparar os profissionais envolvidos ou interessados no tema para o Seminário Nacional Psicologia e Mobilidade: o espaço público como um direito de todos, que será realizado em outubro, o Conselho Federal de Psicologia promoverá o debate on line Desafios da Psicologia na Interface do Trânsito com a Mobilidade, na sede do CFP, em Brasília, dia 21 de agosto de 2009, às 19 horas.
O debate será transmitido, via internet, no endereço www.pol.org.br, para todo o país.
Essa discussão terá como foco a multiplicidade e a complexidade do sistema trânsito e mobilidade, ampliando a perspectiva do psicólogo na área, para além das avaliações psicológicas.
O CFP entende que o trânsito e a mobilidade são transversais a diversos temas e estão presentes na maioria das relações sociais. Por isso, a atuação do profissional da Psicologia não pode ser dirigida apenas à avaliação psicológica de motoristas.
As relações sociais e de poder vivenciadas cotidianamente refletem no trânsito, e extrapolam a Psicologia, atingindo questões como consumo, poder, segurança, rapidez, velocidade, subjetividade, independência, organização social, estrutura das cidades, deslocamento, mobilidade, cultura, entre tantas outras.
O público-alvo são estudantes, profissionais e pesquisadores de diversas áreas, bem como as demais pessoas interessadas na temática.
Dessa forma, o debate conta com a seguinte configuração:
Coordenação:
Andréa dos S. Nascimento – Conselheira do CFP
Palestrantes/debatedores:
• Prof Dra. Amélia Luisa Damiani - Doutora em Geografia Humana, docente da Universidade de São Paulo – USPTema: A mobilidade na estruturação da vida cotidiana.
• Marcos Bicalho – Superintendente Associação Nacional de Transportes Públicos – ANTPTema: Mobilidade e espaço público: direito de ir e vir.
• Prof. Dra Edinilsa Ramos de Souza – Psicóloga, doutora em Saúde Pública, pesquisadora e docente da Fundação Oswaldo Cruz – FiocruzTema: Trânsito versus Mobilidade: Antagonismo ou Complementaridade? A visão da Saúde Pública
Participe e divulgue.
Em breve, mais informações sobre o Seminário no site www.pol.org.br

quarta-feira, 8 de julho de 2009

07/07/2009 - 16h45

Projeto da UnB vai emprestar bicicletas para uso dentro do campus

Alunos da UnB (Universidade de Brasília) querem incentivar a locomoção por meio de bicicletas dentro da instituição. O grupo "Bicicleta Livre" espalhou 18 delas dentro do campus Darcy Ribeiro para que alunos, funcionários e professores possam utilizar gratuitamente durante o dia. A única condição é que, ao fim do dia, elas sejam devolvidas nos locais em que foram retiradas.
Bicicletas estão disponíveis gratuitamente para alunos e servidores da UnB
O projeto, que foi inspirado em outras experiências de sistemas de bicicletas públicas pelo mundo, é voltado tanto para quem não tem transporte quanto para quem já tem. Segundo o orientador do projeto, Glauco Falcão, que também é professor da Faculdade de Educação Física, a iniciativa terá também impacto ambiental: "o intuito é que as pessoas deixem o carro nos estacionamentos e circulem de bicicleta pelo campus. Quando isso se tornar cultura, o impacto e a expansão do projeto serão maiores", diz.

Não há preocupação com furto das bicicletas, que foram doadas e recuperadas por voluntários. Segundo a estagiária-técnica da Agenda Ambiental da UnB, Mara Marchetti, "a ideia é que as bicicletas fiquem livres para uso no campus. Não vemos motivo para furto. São bicicletas diferenciadas, sem marchas e próprias para uso em curtas distâncias", explica.

Todos os sábados, estudantes preparam as bicicletas do projeto. Há cerca de 50 delas precisando de reparos. Elas são desmontadas, lixadas e pintadas. Com a implantação do projeto, elas precisarão de cuidados semanais, como encher pneus e colocar graxa nas peças.
Para Renato Cerbinato, voluntário do "Bicicleta Livre", o projeto é uma conquista. "Uso bicicleta como meio de transporte há sete anos. Pedalando, você vê a cidade de uma outra maneira, conversa com as pessoas. É um transporte humanizado", defende.

Fonte: http://educacao.uol.com.br/ultnot/2009/07/07/ult105u8348.jhtm

quarta-feira, 10 de junho de 2009

LEONARDO BOFF
O século dos direitos da Terra
08 Mai 2009

A afirmação mais impactante do discurso do presidente da Bolívia, Evo Morales Ayma, em 22 de abril, na Assembléia Geral da ONU, ao se proclamar aquela data como o Dia Internacional da Mãe Terra, talvez tenha sido a seguinte: “Se o século XX é reconhecido como o século dos direitos humanos, individuais, sociais, econômicos, políticos e culturais, o século XXI será reconhecido como o século dos direitos da Mãe Terra, dos animais, das plantas, de todas as criaturas vivas e de todos os seres, cujos direitos também devem ser respeitados e protegidos”. Aqui já nos defrontamos com o novo paradigma, centrado na terra e na vida. Não estamos mais dentro do antropocentrismo, que desconhecia o valor intrínseco de cada ser, independentemente do uso que fizermos dele. Cresce mais e mais a clara consciência de que tudo o que existe merece existir e tudo o que vive merece viver. Conseqüentemente, devemos enriquecer nosso conceito de democracia no sentido de uma biocracia ou democracia sociocósmica porque todos os elementos da natureza, em seus próprios níveis, entram a compor a sociabilidade humana. Nossas cidades seriam ainda humanas sem as plantas, os animais, os pássaros, os rios e o ar puro? Hoje, sabemos pela nova cosmologia que todos os seres possuem não apenas massa e energia. São portadores também de informação, possuem história, se complexificam e criam ordens que comportam certo nível de subjetividade. É a base científica que justifica a ampliação da personalidade jurídica a todos os seres, especialmente aos vivos. Michel Serres, filósofo francês das ciências, afirmou com propriedade: “A Declaração dos Direitos do Homem teve o mérito de dizer ‘todos os homens têm direitos’, mas o defeito de pensar ‘só os homens têm direitos”. Custou muita luta o reconhecimento pleno dos direitos dos indígenas, dos afrodescendentes e das mulheres, como agora está exigindo muito esforço o reconhecimento dos direitos da natureza, dos ecossistemas e da Mãe Terra. Como inventamos a cidadania, o governo do Acre de Jorge Viana cunhou a expressão florestania, quer dizer, a forma de convivência na qual os direitos da floresta e de todos os que vivem dela e nela são afirmados e garantidos. O presidente Morales solicitou à ONU a elaboração de uma Carta dos Direitos da Mãe Terra cujos tópicos principais seriam: o direito à vida de todos os seres vivos; o direito à regeneração da biocapacidade do Planeta; o direito a uma vida pura, pois a Mãe Terra tem o direito de viver livre da contaminação e da poluição; o direito à harmonia e ao equilíbrio com e entre todas as coisas. E nós acrescentaríamos o direito de conexão com o todo do qual somos parte. Esta visão nos mostra quão longe estamos da concepção capitalista, da qual ficamos reféns durante séculos, segundo a qual a Terra é vista como mero instrumento de produção, sem propósito, um reservatório de recursos que podemos explorar a nosso bel prazer. Faltou-nos a percepção de que a Terra é, verdadeiramente, nossa mãe. E mãe deve ser respeitada, venerada e amada. Foi o que asseverou o presidente da Assembléia, Miguel d’Escoto Brockmann, ao encerrar a sessão: “É justíssimo que nós, irmãos e irmãs, cuidemos da Mãe Terra, pois é ela que, ao fim e cabo, nos alimenta e sustenta”. Por isso, apelava a todos que escutássemos atentamente os povos originários, pois, a despeito de todas as pressões contrárias, mantêm viva a conexão com a natureza e com a Mãe Terra e produzem em consonância com seus ritmos e com o suporte possível de cada ecossistema, contrapondo-se à rapinagem das agroindústrias que atuam por sobre toda a Terra. A decisão de acolher a celebração do Dia Internacional da Mãe Terra é mais que um símbolo. É uma viragem no nosso relacionamento para com a Terra, escapando do padrão dominante que nos poderá levar, se não fizermos transformações profundas, à nossa autodestruição.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

20/05/2009 - 08h00

Ciclistas vão pedalar em silêncio para homenagear vítimas do trânsito

Elisa Estronioli
Do UOL Notícias
Em São Paulo

Centenas de ciclistas vão pedalar calados na cidade de São Paulo nesta quarta-feira para lembrar os mortos e feridos por transportes motorizados nas vias públicas. É o chamado "Pedal do Silêncio", que também ocorre em Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Vitória, além de mais de 200 cidades em outros 16 países.Em São Paulo, a manifestação vai ter uma estrutura parecida com a da Bicicletada (que ocorre toda última sexta-feira do mês): concentração às 18h na praça do Ciclista (na avenida Paulista com a rua da Consolação) e pedalada a partir das 20h, com trajeto ainda a definir. Cartazes de divulgação que circulam na internet pedem para os participantes irem com roupa branca com uma tarja preta, em homenagem aos mortos, e uma vermelha, em homenagem aos feridos.
Mais sobre manifestações de ciclistas
Durante a concentração, alguns participantes planejam estar em outro ponto da Paulista, fazendo a manutenção de uma bicicleta toda pintada de branco, que marca o local onde a ciclista Márcia Prado morreu.Márcia foi atropelada por um ônibus no sentido Consolação, no dia 14 de janeiro deste ano. A "ghost bike" (bicicleta-fantasma) no local funciona como uma espécie de memorial - projeto que surgiu nos EUA e se tornou comum entre cicloativistas de vários países, ao misturar homenagem e protesto."A Márcia era uma das mais ativas da Bicicletada, usava capacete certinho, se cuidava, e mesmo assim aconteceu, por imprudência do motorista do ônibus", diz o ciclista Leandro Valverdes.Desrespeito dos motoristasA Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) registra que, em 2008, morreram 69 ciclistas em acidentes de trânsito. Mesmo diante dos números, de dezembro de 2007 a novembro de 2008, a CET aplicou apenas uma multa por desrespeito a ciclista em toda a cidade de São Paulo, segundo matéria do jornal O Estado de S.Paulo.

Dicas para pedalar na cidade com segurança
1. Seja educado
2. Obedeça às leis de trânsito
3. Sempre sinalize suas intenções
4. Use roupas claras ou chamativas
5. Mantenha os refletores limpos
6. Evite ruas e avenidas movimentadas
7. Mantenha-se à direita e na mão de direção
8. Não faça zig-zag: procure pedalar mantendo uma linha reta
9. Aprenda a ouvir o trânsito
Fonte: Escola de Bicicleta

"O perigo de andar de bicicleta está muito mais na falta de respeito que o ciclista recebe do que qualquer outra coisa, tanto dos motoristas quanto das autoridades. As pessoas te veem como um obstáculo no trânsito", diz o ciclista Vítor Pinheiro. "Além disso, as autoridades não fazem nada. Não tem sinalização que legitime o uso da bicicleta, os motoristas, profissionais ou não, não recebem educação e não existe punição, porque a CET não multa". De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, o motorista que "deixar de guardar a distância lateral de 1,50 metro ao passar/ultrapassar bicicleta" deve ser multado em R$ 85. "Essa distância existe porque bicicleta não é que nem carro, que tem uma lataria te protegendo. Você pode cair por qualquer coisa, até pelo deslocamento do ar, e pode morrer."Assim como Márcia, recentemente Vítor foi vítima da imprudência de um motorista de ônibus. Ele conta que, no último dia 7, passava por uma rua estreita quando um coletivo, que não conseguiu desviar, bateu nele. Vítor caiu para o lado, e o ônibus passou por cima de sua bicicleta. Ele diz que ainda sente dores no ombro devido à queda e por isso não sabe se vai pedalar esta noite: "Vou tentar, não sei se vou conseguir. Mas pretendo aparecer lá mesmo se for a pé, porque, afinal, eu fui uma das vítimas de atropelamento".Ciclistas não defendem segregaçãoApesar dos riscos que envolve andar de bicicleta nas ruas, muitos ciclistas defendem que ciclovias não podem ser a única solução. "Onde fui atropelado é uma rua de bairro, com fluxo pequeno, não tem sentido ter ciclovia. Não dá para colocar ciclovia na cidade inteira", diz Vítor. "Eu sempre incentivo as pessoas a começarem a usar a bicicleta como meio de transporte, mas depois fico pensando: 'se acontece alguma coisa vou me sentir culpado'", diz Leandro Valverdes. "Mas continuo incentivando porque quanto mais gente pedalar, mais seguro será para todo mundo."

terça-feira, 12 de maio de 2009

12/05/2009

Comunidade alemã decide ter uma vida sem automóveis e vira referência

The New York Times
Elisabeth Rosenthal
Em Vauban (Alemanha)

Os moradores desta comunidade afluente são pioneiros suburbanos. Eles superaram a maioria das mães que levam os filhos para jogar futebol ou executivos que fazem todos os dias o trajeto dos subúrbios até o centro da cidade: essas pessoas abriram mão dos seus carros.

Estacionamentos de rua, driveways (pequena estrada que vai geralmente da entrada da garagem até a rua) e garagens são, em geral, proibidas neste novo distrito experimental na periferia de Freiburg, perto da fronteira com a Suíça.

  • Martin Specht/The New York Times

    Mulher caminha com sua criança por rua exclusiva para trânsito de pessoas e bicicletas em Vauban

  • Martin Specht/The New York Times

    Outra mãe caminha com seu filho em bicicleta pelas tranquilas ruas de um bairro de Vauban

Nas ruas de Vauban os carros estão totalmente ausentes - com exceção da rua principal, por onde passa o bonde para o centro de Freiburg, e de umas poucas ruas na zona limítrofe da comunidade. A propriedade de automóveis é permitida, mas só há dois locais para estacionamento - grandes garagens localizadas no limite da comunidade, onde os proprietários compram uma vaga, por US$ 40 mil, juntamente com uma casa.

Como resultado, 70% das famílias de Vauban não têm automóveis, e 57% venderam o carro para se mudarem para cá.

"Quando eu tinha carro, estava sempre tensa. Desta forma sou muito mais feliz", afirma Heidrun Walter, profissional de mídia e mãe de dois filhos, enquanto caminha pelas ruas cercadas de verde, onde o ruído das bicicletas e a conversa das crianças que passeiam abafam o barulho ocasional de um motor distante.

Vauban, que foi concluída em 2006, é um exemplo de uma tendência crescente na Europa, nos Estados Unidos e em outros locais. Trata-se da separação entre a vida suburbana e a utilização de automóveis, como parte integrante de um movimento chamado de "planejamento inteligente".

Os automóveis são um fator de coesão dos subúrbios, onde as famílias de classe média de Chicago a Xangai costumam construir as suas residências. E, isso, segundo os especialistas, consiste em um grande obstáculo para os atuais esforços no sentido de reduzir drasticamente as emissões de gases causadores do efeito estufa que saem pelos canos de descarga, com o objetivo de reduzir o aquecimento global. Os carros de passageiros são responsáveis por 12% das emissões de gases causadores do efeito estufa na Europa - uma proporção que só está aumentando, segundo a Agência Ambiental Europeia -, e por até 50% em algumas áreas dos Estados Unidos.

Embora nas duas últimas décadas tenha havido tentativas de tornar as cidades mais densas e mais propícias para as caminhadas, os planejadores urbanos estão levando agora esse conceito para os subúrbios e concentrando-se especificamente em benefícios ambientais como a redução de emissões. Vauban, que tem 5,500 habitantes e uma área aproximada de 2,6 quilômetros quadrados, pode ser a experiência mais avançada em vida suburbana com baixa utilização de automóveis. Mas os seus preceitos básicos estão sendo adotados em todo o mundo em tentativas de tornar os subúrbios mais compactos e mais acessíveis ao transporte público, com menos espaço para estacionamento. Segundo essa nova abordagem, os estabelecimentos comerciais situam-se ao longo de calçadões, ou em uma rua principal, e não em shopping centers à beira de uma auto-estrada distante.

"Todo o nosso desenvolvimento desde a Segunda Guerra Mundial esteve concentrado no automóvel, e isso terá que mudar", afirma David Goldberg, funcionário da Transportation for America, uma coalizão de centenas de grupos nos Estados Unidos - incluindo instituições ambientais, prefeituras e a Associação Americana de Aposentados - que estão promovendo novas comunidades que sejam menos dependentes dos carros. Goldberg acrescenta: "A quantidade de tempo que se passa ao volante de um carro é tão importante quanto possuir um automóvel híbrido".

Levittown e Scarsdale, subúrbios de Nova York com casas de áreas enormes e garagens privadas, eram os bairros dos sonhos na década de 1950, e ainda atraem muita gente. Mas alguns novos subúrbios podem muito bem lembrar mais Vauban, não só nos países desenvolvidos, mas também no mundo subdesenvolvido, onde as emissões da frota cada vez maior de carros particulares da crescente classe média estão sufocando as cidades.

Nos Estados Unidos, a Agência de Proteção Ambiental está promovendo as "comunidades com número reduzido de carros", e os legisladores estão começando a agir, apesar de que com cautela. Muitos especialistas acreditam que o transporte público que atende aos subúrbios desempenhará um papel bem maior em uma nova lei federal de transporte aprovada neste ano, afirma Goldberg. Nas legislações anteriores, 80% das apropriações destinavam-se, por lei, a auto-estradas, e apenas 20% a outras formas de transporte.

Na Califórnia, a Associação de Planejamento da Área de Hayward está desenvolvendo uma comunidade semelhante a Vauban chamada Quarry Village, nos arredores de Oakland. Os seus moradores podem ter acesso sem carro ao sistema de trânsito rápido da Área da Baía e ao campus da Universidade Estadual da Califórnia em Hayward.

  • Martin Specht/The New York Times

    Placas como esta foram instaladas pelas ruas do distrito de Vabuan, nos arredores de Freiburg

Sherman Lewis, professor emérito da universidade e líder da associação, diz que "mal pode esperar para mudar-se" para a comunidade, e espera que Quarry Village possibilite que ele venda um dos dois automóveis da família e, quem sabe, até mesmo os dois. Mas o atual sistema ainda conspira contra o projeto, diz ele, observando que os bancos imobiliários temem uma queda do valor de revenda de casas de meio milhão de dólar que não têm lugar para carros. Além disso, a maior parte das leis de zoneamento urbano dos Estados Unidos ainda exige duas vagas para automóveis por unidade residencial. Quarry Village obteve uma isenção dessa exigência junto às autoridades de Hayward.

Além disso, geralmente não é fácil convencer as pessoas a não terem carros.

"Nos Estados Unidos as pessoas são incrivelmente desconfiadas em relação a qualquer ideia de não possuir carros, ou mesmo de ter menos veículos", diz David Ceaser, co-fundador da CarFree City USA, que afirma que nenhum projeto suburbano do tamanho de Vauban banindo os automóveis teve sucesso nos Estados Unidos.

Na Europa, alguns governos estão pensando em escala nacional. Em 2000, o Reino Unido deu início a uma iniciativa ampla no sentido de reformar o planejamento urbano, desencorajando o uso de carros ao exigir que os novos projetos habitacionais fossem acessíveis por transporte público.

"Os módulos urbanos relativos a empregos, compras, lazer e serviços não devem ser projetados e localizados sob a premissa de que o automóvel representará a única forma realista de acesso para a grande maioria das pessoas", afirma o PPG 13, o documento revolucionário de planejamento, lançado pelo governo britânico em 2001. Dezenas de shopping centers, restaurantes de fast-food e complexos residenciais tiveram a licença recusada com base na nova regulamentação britânica.

Na Alemanha, um país que é a pátria da Mercedes-Benz e da Autobahn, a vida em um local onde a presença do automóvel é reduzida, como Vauban, tem o seu próprio clima diferente. A área é longa e relativamente estreita, de forma que o bonde que segue para Freiburg fica a uma distância relativamente curta a pé a partir de todas as casas. Ao contrário do que ocorre em um subúrbio típico, aqui as lojas, restaurantes, bancos e escolas estão mais espalhadas entre as casas. A maioria dos moradores, como Walter, possui carrinhos que são rebocados pelas bicicletas para fazer compras ou levar as crianças para brincar com os amigos.

Para deslocamentos a lojas como a Ikea ou às colinas de esquiação, as famílias compram carros juntas ou usam automóveis arrendados comunitariamente pelo clube de compartilhamento de automóveis de Vauban.

Walter já morou - com carro privado - em Freiburg e nos Estados Unidos.

"Se você tiver um carro, a tendência é usá-lo", diz ela. "Algumas pessoas mudam-se para cá, mas vão embora logo - elas sentem saudade do carro estacionado em frente à porta".

Vauban, local em que se situava uma base do exército nazista, ficou ocupada pelo exército francês do final da Segunda Guerra Mundial até a reunificação da Alemanha, duas décadas atrás. Como foi projetada para ser uma base militar, a sua planta nunca previu o uso de carros privados: as "ruas" eram passagens estreitas entre as instalações militares.

Os prédios originais foram demolidos há muito tempo. As elegantes casas enfileiradas que os substituíram são construções de quatro ou cinco andares, projetados de forma a reduzir a perda de calor e maximizar a eficiência energética. Elas possuem madeiras exóticas e varandas elaboradas; casas isoladas das outras são proibidas.

Por temperamento, as pessoas que compram casas em Vauban tendem as ser "porquinhos da índia verdes" - de fato, mais da metade dos moradores vota no Partido Verde alemão. Mesmo assim, muitos afirmam que o que os faz morar aqui é a qualidade de vida.

Henk Schulz, um cientista que em uma tarde do mês passado observava os três filhos pequenos caminhando por Vauban, lembra-se com entusiasmo da primeira vez que comprou um carro. Agora, ele diz que está feliz por criar os filhos longe dos automóveis; ele não tem que se preocupar muito com a segurança deles nas ruas.

Nos últimos anos, Vauban tonou-se um nicho comunitário bem conhecido, apesar de não ter gerado muitas imitações na Alemanha. Mas não se sabe se este conceito funcionará na Califórnia.

Mais de cem candidatos se inscreveram para comprar uma casa na Quarry Village, e Lewis ainda está procurando um investimento de US$ 2 milhões para dar início ao projeto.

Mas, caso a ideia não dê certo, a sua proposta alternativa é construir no mesmo local um condomínio no qual o uso do automóvel seja totalmente liberado. Ele se chamaria Village d'Italia.


Tradução: UOL

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Exercitando sentidos no campus
O campus da UNIFOR geralmente chama atenção por sua beleza, pela exuberância do verde, pelos diversos recantos que surpreendem. Um cantinho debaixo de uma árvore, uma alameda que se descortina diante de nós, um conjunto de caules que nos envolve, mesas convidativas, bancos ao ar livre.
Em comemoração aos 25 anos do Curso de Psicologia a Coordenação em parceria com o LEHRA (Laboratório de Estudos das Relações Humano- Ambientais) promove a atividade: Exercitando sentidos no campus, que significa caminhar pelo campus e parar em cada lugar, observar seus detalhes, sentir seus odores, experimentar suas texturas, possibilitando vivenciar o campus, que virou um lugar comum em nossa correria cotidiana, em algo novo, transformando assim o vínculo com a Universidade.
Dia: 25/04/2009
Horário: 8:00

Saída: Centro de Convivências
Inscrição: Coordenação do Curso de Psicologia da UNIFOR (gratuita)
Vagas: 80 (vagas limitadas)
Sugerimos que os participantes usem roupas leves , calçados apropriados e levem suas garrafinhas com água.

Relato de uma Caminhada

Olha a todos,

O LERHA realizou no dia 14.04.08 uma caminhada pelo campus da UNIFOR.
Para relembrarmos esta deliciosa caminhada segue abaixo o belo relato da Profa. Heleni Barreira, profa. do curso de psicologia e membro do LERHA.
Aproveitamos para convidar a todos para uma outra caminhada que acontecerá no sábado, dia 25.04.09.
Grande e forte abraço!



Caminhada pelo CampusHeleni Barreira


Primeiro Ato – Em torno da hora combinada no dia anterior, as pessoas começaram a chegar ao hall da biblioteca, de onde sairiam em caminhada por toda extensão do campus universitário. Estavam todos vestidos de maneira confortável: bermudas, camisetas, bonés e tênis, bem diferentes do modo usual, nada de pastas, livros ou notebooks. Pareciam vislumbrar que a experiência naquele dia, naquela manhã, seria de uma outra ordem, ou seja, diferente do dia-a-dia na universidade, marcado pela correria contra o relógio, deslocamentos rápidos de um bloco para outro, de uma aula para outra, um jeito frenético de viver ou de sobreviver, apesar do cenário exuberante constituído de belas árvores de diversas espécies e dos lindos jardins onde despontam flores e sobrevoam pássaros. Tudo isso e muito mais nos aguardavam e nos saudavam, como a convidarmos a nos dar conta do encantamento advindo de tanta beleza a nosso inteiro dispor. Disposição e expectativa pareciam tomar conta dos participantes daquela atividade, em sua maioria alunos e professores da Unifor e também de outros lugares e instituições.
Segundo Ato – A caminhada se inicia pelo trajeto já bem conhecido de atravessar ou contornar a praça da biblioteca, espaço amplo que demarca o centro de toda a área da universidade. No entanto, o trivial cede lugar ao inusitado, pois a atividade começa com uma espécie de ritual de reverência ao baobá, árvore de origem africana que vive centenas de anos e que atinge dimensões extraordinárias, tanto quanto ao diâmetro do caule como à frondosidade dos galhos e raízes. Todos abraçaram a referida árvore respeitosamente, como a desejar sorver e trazer para dentro de si um pouco de energia vegetal. O boabá africano plantado no centro daquele campus, como uma espécie de totem, a lembrar aos que por ali transitam a relevância do respeito e da preservação da natureza e a todo mistério ecológico de um sistema de biodiversidade do qual somos parte integrante e inexorável.
Terceiro Ato – Prosseguimos rumo ao horto do campus, viveiro de plantas, lugar onde brotam sementes, lugar mágico onde é possível ver de perto o milagre da vida acontecer. A presença de árvores enormes como o jacarandá a disponibilizar sua sombra às pequenas mudas que brotam obedecendo ao ciclo natural de germinar, crescer, florescer, frutificar e deixar suas sementes que garantam a continuidade da espécie. A estufa que abriga pequenas mudas que necessitam de cuidados especiais para crescerem, quantidade de água suficiente, de luz e de nutrientes de solo adequados que garantam o seu pleno desenvolvimento. Uma conversa com seu Manuel, jardineiro-mor que possui um conhecimento invejável a respeito de sua arte e de sua práxis, consistiu sem dúvida num momento ímpar dessa atividade. Aquele homem simples e sem instrução formal, mas um expert quanto ao seu ofício, muito tinha a nos dizer e a nos mostrar. Nesse momento ele era o professor, o grande mestre e nós alunos inexperientes, mas atentos e motivados a aprender.
Quarto Ato – A descoberta por nós da HXT planta nativa da Austrália, de porte alto, sem presença de folhas convencionais, ao invés de folha apresenta uma espécie de filetes delgados que caem e que o nosso solo não possui os nutrientes apropriados para proceder a sua biodegradação, o que nos fez refletir sobre as conseqüências desse fenômeno. São árvores bonitas e exóticas que enfeitam o cenário do campus. A HXT deixa o solo repleto dessas pequenas e finas hastes que despreendem de seus galhos , formando um denso tapete marrom que parece impedir a infiltração da água, pois impermeabiliza o solo. Nesse momento os diálogos versaram sobre o que é natural e o que foi construído no espaço circunscrito ao campus universitário da Unifor. Toda aquela magnífica paisagem é fruto da ação do homem... Essa constatação causou particularmente em mim um sentimento ambíguo e contraditório. Na relação que tento estabelecer com os lugares sou mais intensamente tocada por paisagens naturais, ou seja, que não foram alvo da ação humana. Confesso que esse momento da travessia me causou um pouco de incômodo ou mesmo de mal-estar. Ao me dar conta das possibilidades da ação humana em relação ao ambiente, deparei-me com a contradição, nossa principal característica, que traduz toda uma dialética. Somos capazes de construir e de destruir com a mesma desenvoltura e competência. Foi a hora de ver nossa própria cara. Hora de nos olharmos no espelho e de dar de cara com nossa sublime e vil humanidade...
Quinto Ato – Todo o mal-estar se dissipou ao chegarmos à um belo cajueiro, árvore tão nossa conhecida, tão acolhedora, tão facilitadora de trazer à tona registros mnemônicos de tempos felizes da infância, tempo em que nossa relação com os lugares, com o ambiente, com tudo a nossa volta acontecia fácil e naturalmente, tempo em que nós e o ambiente em nosso entorno deliciosamente se confundiam e se fundiam numa profusão de cores, formas, sons, odores, gostos, pensamentos, imagens, sentimentos e experiências que nos fizeram assim... Nem melhor nem pior que ninguém, mas seguramente diferentes, sujeitos de nossa própria existência e da nossa própria história, conscientes que somos de nosso pertencimento ao cosmos. Nesse momento da atividade uma chuva leve cai mansamente e nos lava o corpo e a alma.Todos deitam no chão o que me lembrou Michel Tournier e seus relatos apresentados no seu belíssimo livro Robson Crusoé e os limbos do Pacífico...Ainda nesse ato surgem crianças da escolhinha ali próxima ao campus e se misturam ao nosso grupo. Sorrisos e vozes infantis também se mesclam aos nossos risos, às nossas falas e aos nossos gritos contidos num magnífico e inesperado ritual de partilha...
Sexto Ato – Prosseguimos e nos deparamos com o galpão destinado aos processos de reciclagens. Nesse relato despretencioso e livre, sinto-me a vontade para dizer que me veio à mente trechos da letra da música wave de Nelsom Mota e gravada por Lulu Santos: “nada do foi será de novo do jeito que já foi um dia, tudo passa, tudo sempre passará, a vida vem em ondas como o mar num indo e vindo infinito... Lembro-me de tantos mestres que povoam o meu imaginário e agora é a vez de Nietzsche que lembra que somos seres em constante devir. Certamente aquela vivência agregou elementos a minha construção de sujeito. E uma frase de Clarisse Lispector se fez minha e a repeti silenciosamente: “custei um pouco a compreender o que estava vendo, de tão inesperado e sutil que era”.
Sétimo Ato – A visão da lagoa foi algo interessante no sentido que sabíamos que ela existia, porém nunca a tínhamos visto. Isso nos remeteu às idéias filosóficas pré-socráticas tais como: as coisas existem porque as vemos ou as vemos por que existem? A lagoa do campus realmente existe e eu a vejo agora bem diferente de como a imaginei, sem nenhum charme, simplesmente uma lagoa esquecida e pouco apreciada. Nas proximidades da lagoa podemos ver a casa da primeira família de moradores do terreno original, está lá muito antes da idéia de construir uma universidade naquele local. Os verdadeiros detentores da história daquele lugar.
Oitavo Ato – O sol de pra lá de meio dia, já nos castigava apesar de certos cuidados adotados como bonés e protetor solar. Hora de dar uma parada e eis que surge providencialmente na hora mais difícil de calor e sede, um rico suprimento de picolés de morango e tangerina . A sensação nos lembrou as miragens e os oásis dos desertos... Mas era real, coisas da Sylvia...
Nono Ato – Grande roda. Todos os participantes sentados em círculo sob a sombra das árvores. Momento de partilhar o significado daquela experiência. Relatos cheios de emoção e legitimidade. Eu estava lá. Ainda bem que eu vivi essa experiência no campus. Nunca mais fui a mesma ali dentro. Sou muito melhor agora que me apropriei daquele lugar, de seus recantos mais insólitos. Aquele lugar agora também é meu. O campus da minha universidade.
Extratos da palestra “Terrae Incognitae, Tempo e Sustentabilidade, proferida pelo Prof. José Pinheiro, da UFRN, patrocinada pelo LERHA –Lab.Estudos das Rel.H.Ambientais
Por Roberto Sousa

Segundo o Prof. Pinheiro, o surgimento dos estudos específicos sobre a Psicologia Ambiental se deu fora da psicologia, através da biologia, geografia e outros setores que lidam com o ambiente. Sommer disse que “estamos refazendo o ambiente em escala inédita mas não nos damos conta do que está acontecendo conosco mesmos.”
Através de figuras, o palestrante demonstrou que diferenças culturais interagem e interferem no/com o ambiente de forma totalmente diversa. Deu o exemplo da diferença entre brasileiros e norte-americanos na maneira de se posicionarem numa mesa para conversar.
O professor Pinheiro demonstrou, através de um exercício lúdico, como nossa idéia de ambiente muda à medida que as informações que mobilizam nossas ações passam de um sistema de primeira mão, para segunda, terceira ou quarta mão, e que as leituras dos mapas mentais que fazemos através das 3ªs e 4ªs mãos não estão sendo estudadas por ninguém, insinuando que este seria um bom tema para quem ainda está sem assunto para pesquisa para teses de mestrado e doutorado.
Citando exemplos do episódio do navio “La Amistad” e da queda do avião da Varig na selva amazônica por pane seca (Vôo 254), disse que a cognição ambiental de terceira mão, que é a representação de um mapa feito por outra pessoa para ser usado por uma terceira, leva a distorções severas da realidade, afirmando que:
- estamos acostumados a “voar por instrumentos”;
- nos comportamos com base no que representamos cognitivamente e;
- a maiorias das pesquisas em cognição ambiental se concentra na cognição ambiental primária.
Em seguida apresentou a dimensão tempo para o ambiente, resgatando o conceito de sustentabilidade como uma necessidade temporal, onde sustentar significa segurar e manter (no tempo).
Dizendo ainda que, incluindo essa dimensão na experiência ambiental, denota-se que o tamanho de um parque é diretamente proporcional ao modo como ele é utilizado, e atesta-se que vivemos uma espécie de alienação temporal através do imediatismo do eterno presente, onde o tempo do individualismo é diferente do tempo do bem comum.
Afirmando, por fim, que a inclusão da dimensão tempo na Psicologia Ambiental amplia a possibilidade de diálogo com as disciplinas que já consideram esse aspecto.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Palestra Prof. Dr. José Pinheiro

O LERHA tem o prazer de informar que um dos grandes estudiosos da Psicologia Ambiental, o Prof. Dr. José Pinheiro, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) estará em Fortaleza esta semana e apresentará a palestra "TERRAE INCOGNITAE, TEMPO E SUSTENTABILIDADE: fronteiras abertas para uma psicologia do global" na UNIFOR.

A palestra abordará a importância da cognição ambiental e da experiência temporal na promoção de comportamentos responsáveis em relação ao Meio Ambiente.


LOCAL: Auditório A3 - UNIFOR
DIA: Quinta-feira, 12/02
HORA: 19hrs

A entrada é gratuita.